Cosems/ES participa de fórum para debater os efeitos do novo regime fiscal na saúde
22 de novembro de 2019
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Representantes do Cosems/ES participaram nesta sexta-feira (22) do 4º Fórum de Debates – Novo Regime Fiscal: Efeitos na Saúde, realizado em São Paulo. O evento é uma parceria do Conasems com o Banco do Brasil e reuniu nomes de destaque da economia nacional. A palestra de abertura foi realizada pelo ex-presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, tendo como debatedor o economista sênior do Banco Mundial, Edson Araújo.
“O evento nos trouxe as PECs 45 e 110 da Reforma Tributária, além de explanar sobre gastos e investimentos que os Estados têm que ter na saúde, e das perspectivas futuras para a área”, destacou a secretária executiva do Cosems/ES, Marfiza Machado. Além dela, participaram pelo Cosems/ES, o presidente André Wiler, e as secretárias de Saúde dos municípios de Vitória e Anchieta, Cátia Lisboa e Jaudete de Nadai.
Em sua explanação, Armínio Fraga apresentou pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps) que revelou que o Brasil precisa aplicar em cerca de um trilhão de reais em saúde até 2060. “A aritmética é dramática porque setores como saúde e educação não têm mais como ter seus gastos reduzidos. O engessamento do orçamento federal é tamanho que não vai ser possível chegar a uma solução fiscal no país sem mexer na parcela que está engessada”, disse Fraga.
Com base na situação econômica e fiscal atual do Brasil, que inclui dentre outras coisas recessão, queda de quase 10% da renda per capita e crescimento da dívida pública, o estudo do Ieps sinaliza que é necessário considerar o peso demográfico e o crescente envelhecimento populacional. “O que eu chamo de solução? Nós precisamos ter um gasto público que seja mais eficiente e que tenha uma estrutura que permita que a economia seja justa, como grau adequado de progressividade, mas também de assistência e equidade”, explicou o ex-presidente do Banco Central.

Dados históricos demonstram que o gestor federal do SUS vem migrando a responsabilidade do financiamento e neste processo os municípios aumentaram significativamente o aporte de recursos próprios em ações e serviços públicos de saúde. Nos últimos 25 anos a composição total dos gastos com saúde passou na União de 70% para 43% e no caminho inverso para os Municípios de 16% para 31%. A cada ano municípios aplicam, além do mínimo constitucionalmente estabelecido, cerca de R$30 bilhões.
Vilma Conceição Pinto, economista na Fundação Getúlio Vargas, tratou do sistema de tributação no Brasil. “A perda de dinamismo da carga tributária após a crise global em 2008 e 2009 acabou refletindo também no financiamento da saúde. Nós temos mudanças muito profundas e muito rápidas acontecendo tanto na economia quanto na sociedade e ninguém sabe qual serão os tributos que idealmente devem ser cobrados daqui 10 anos, por exemplo. A única certeza que se tem sobre o futuro é que o atual sistema tributário ou é inadequado ou pode ser insuficiente. É preciso deixar claro que o Brasil é campeão de ineficiência do sistema tributário”, explicou Vilma Conceição.
O Secretário de Planejamento Energia e Loteria do Ministério da Economia, Alexandre Manoel, apresentou as principais medidas de ajuste fiscal defendidas pelo Governo Federal. Foi exposta em especial a proposta de desvinculação do orçamento em Saúde e Educação. Para o secretário a desvinculação “é uma medida que dá mais liberdade para a execução do orçamento, sem prejudicar o município”. De acordo com o professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Márcio Holland, “a sustentabilidade orçamentária do sistema público de saúde frente ao limite mínimo de gastos do Ministério da Saúde contrapõe o índice inflacionário e o índice de inflação da saúde”.
Também palestraram no evento os economistas Alexandre Andrade e Gustavo Andrey e o professor Áquilas Mendes.
*Com informações do Conasems.